O meu conto Maria da Silva -apenas um retrato do cotidiano,está longe de ser um sucesso de vendas na Amazon com razão, pois os leitores fogem da tristeza e querem algo para distraí-los, não para deixá-los depressivos! Mas a verdade está estampada nele sem disfarces e sabemos que ela nos cerca embora a tornemos invisível, como auto proteção. Não se pode afirmar ser “Maria da Silva” um trabalho de ficção, pois é um retrato do cotidiano sem retoques. Um pequeno livro sobre uma curta vida. Nele não há descrições supérfluas, assim a imaginação do leitor comporá o ambiente lendo o drama com o cenário que conhece, que acontece perto de si, que visualiza no dia a dia e cujo cerne desconhece. Diariamente “Marias da Silva” morrem de inanição e doenças não tratadas, numa breve e trágica passagem pela vida, levando consigo toda uma história ignorada pelos demais cidadãos. É hora de enxergá-los como seres humanos e esse pequeno relato pode ajudar. Não fico constrangido em recomendá-lo… Tenho pensado nisso porque uma velha e boa amiga, honesta, cristã, com bons princípios, leu integralmente suas rápidas 84 páginas e as achou absurdas: isso não mais acontece, ninguém mais passa fome, as coisas não são assim, com tudo dando errado do princípio ao fim! Fiquei boquiaberto com sua capacidade de tornar invisível a tragédia humana ao seu redor e deixo aos leitores do Blog o veredito… Abaixo o prefácio:
O
conto Maria da Silva simplesmente invadiu minha mente sem pedir
licença,sem rodeios ou belas frases. Não é uma bela história… Durante
onze dias, dezenas de folhas preenchidas sem que soubesse o que
aconteceria no dia seguinte. Envolvi-me, tinha esperanças, torcia por
Maria, a personagem. Fiquei feliz no dia que encontrou outra Maria.
Embora as linhas saíssem de minha caneta eu não conseguia mudar ao meu
modo, de acordo com as normais e humanas esperanças de final feliz A mão simplesmente deslizava
sobre o papel e minha mente não podia intervir, como se tivesse captado
algo solto pelo ar que se alojou em meu cérebro e estava sendo expelido
como corpo estranho, porque os pensamentos, a vivência, não eram meus.
Surpreendi-me com o que escrevi sobre lixo comestível, algo que nunca me
passara pela cabeça, nunca experimentara tais situações para que
pudesse descrevê-las como um expert.
Não
tive tempo de pesquisar nos onze dias que se passaram; ia dormir
pensando no que aconteceria pela manhã,como se o drama transcorresse
defronte minha casa. Acordava e descia à biblioteca para ver,no papel, o
que minha mão iria contar. E aqui está a história completa. Um texto
vindo de um espaço outro que o Céu ou Inferno. Diria um lugar de
inimigos do Diabo mas dissidentes de Deus, velho ditador contestado com
firmeza. Sinto que a obra não é minha, sou apenas o apresentador da
mensagem de Maria da Silva. Acredito que se alguns leitores após
conhecê-la mudarem,que seja apenas a expressão do olhar para os
catadores de lixo – que garimpam o desprezado,não esmolam – a missão a
mim confiada pelo acaso terá sido cumprida…
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